segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Deitada, no leito da morte, com dúzias de tubos saindo de seu corpo, em uma posição onde avistava a parede branca e a elevação que seus pés causavam nas cobertas, se arrependeu. Da roupa roxa que não usou, do filme que não pode ver, da dança que não pode dar o luxo de ser convidada a dançar, da musica que tapou os ouvidos para não escutar, do homem que não teve o prazer de deitar junto, do anel que não pôs no anelar, do hímen intacto e adormecido, de nunca ter sentido a sensação de ver um crânio se projetando para fora de seu corpo enquanto a dor de defecar uma caminhonete lhe percorria o corpo, do habito que usou por mais de 50 anos, pelo punhal que não passeou dentro do capelão bulinador de crianças, e finalmente, de ter afirmado a vida inteira amar um homem a quem nunca se quer recebeu um "bom dia" em troca.
De súbito, como se sua mente espirrasse um pensamento, percebe que no ultimo ponto, conseguiu arruinar com seu passaporte. Notando que havia traído o que por toda vida tinha acreditado, perdendo assim, a possível paz eterna, se arrependeu novamente, de ter desejado um dia aquele maldito sapato roxo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Roseli

Se solução na pratica dos problemas não há, e a cara amarrada e distante insisti em estragar seus jantares, isolamento é a saída. Mas enquanto me encontrar isolado, me divertindo com a minha coleção de arrependimentos, não venha me pedir para que mude, a mascara do bem-estar alheio já não cabe em meu rosto.
Avise a familia que escolhi que cansei da estagnação que me propunham diariamente quando reclamavam de minhas grosserias, se não entenderam o manual de "como nao se queimar", o menos culpado é o mais julgado.
Mas se encontrar alguem que não seja inflamável pela má educação, mande entrar.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A maldade está nos olhos de quem vê, na mente de quem planeja, nas mãos de quem executa, no bolso de quem financia, no medo de quem testemunha e omite, na vingança de quem sofre, no martelo de quem julga, na tentação de quem se corrompe, nos olhares de quem inveja, na criatividade de quem escreve e no julgamento de quem lê, em mim e em você.
Começaremos abolindo a mesma de nós dois. Assim espero.